domingo, 4 de agosto de 2013

Algoz no Olímpico, Larry aposta em D'Ale para repetir história na Arena

Ex-atacante marcou quatro gols no primeiro Gre-Nal da ex-casa tricolor e coloca jogo como o ponto que "mudou sua história" no Inter

Por Tomás Hammes Porto Alegre

 
Larry Pinto de Faria foi um dos destaques dos Jogos de Helsinque (Foto: Reprodução/SporTV)
Ao todo, Larry balançou as redes do Grêmio em 10
oportunidades (Foto: Reprodução/SporTV)
Um jogo que sempre deixa marcas. Uma atuação que será lembrada para sempre. A chance de ser perpetuar como ídolo. E, lógico, fazer a festa na casa do Grêmio, logo no primeiro clássico da Arena. O que dá ao confronto contornos históricos. Justamente como ocorreu com Larry. E qual colorado poderá ter a honraria de ser o algoz tricolor, como foi o ex-atacante? O nome que vaga no imaginário dos torcedores é também o do ídolo: D'Alessandro.
- O D’Alessandro é um jogador fora de série. Ele está um pouco acima dos demais. Que ele tenha um pouco mais de cautela, não se irrite. Tem tudo para ser o grande condutor do time do Inter. Ele gosta deste jogo e costuma ir bem.
A aposta de Larry se referenda nos números de El Cabezón. O camisa 10, principal referência do time de Dunga, tem um histórico positivo no clássico, em 17 partidas. Seu retrospecto aponta oito vitórias, cinco empates e quatro derrotas, um aproveitamento de 56,86%. Sua estreia ocorreu justamente em um Gre-Nal, no dia 13 de agosto de 2008, quando as duas equipes empataram em 1 a 1. Dos 49 gols marcados pelo Colorado, seis foram no rival. Um, inclusive, garantiu vaga à Libertadores, no Brasileirão de 2011.
O dia em Larry entrou para a história do Inter
Só que, se hoje o carioca de Nova Friburgo confia no talento de D'Ale para ver o Inter fazer a festa na nova casa gremista, há muito tempo, coube a este senhor, que está com 80 anos alegrar o lado vermelho do Rio Grande do Sul e estragar a festa gremista. Quase 60 anos. No dia 26 de setembro de 1954, o jogador trazido do Fluminense no mesmo ano se firmou como um dos principais expoentes colorados de todos os tempos. Não era o seu primeiro clássico. E, nos dois anteriores, já tinha balançado as redes, o que mostrava sua predestinação ao duelo com o Grêmio. Porém, aquele confronto o levaria para outro patamar.
- Aquele Gre-Nal mudou minha história como jogador. Já tinha atuado em outros dois, mas aquele era o primeiro no Olímpico. Está na minha lembrança até hoje, ter marcado quatro gols. Se passaram vários anos, mas todo mundo fala daquele Gre-Nal. Até os jovens sabem. Isso marca – fala sem esconder o orgulho.

Larry ex-atacante Inter (Foto: Alexandre Lops / Divulgação Inter)
Larry aponta a vitória no primeiro Gre-Nal do
Olímpico como um marco para o Inter (Foto:
Alexandre Lops / Divulgação Inter)
O atacante ouvia de dirigentes, membros da comissão técnica o quão importante era o clássico. E aquele ainda mais, por ser o primeiro do Olímpico. A construção da nova casa, enquanto o Inter ainda atuava nos Eucaliptos, deixava as duas equipes em situações distintas. A atmosfera em torno do rival era amplamente favorável. Até por isso, o Inter, que estava invicto há oito partidas, tratou de manter a mobilização da mesma maneira. E um jogador em especial: Larry. 

- Eu cheguei naquele ano a Porto Alegre. Eu pouco sabia deste ambiente. As pessoas do Inter foram me falando a importância do clássico, que podia mudar a vida do jogador. Entramos determinados a vencer, a brilhar no novo campo do Grêmio, que apresentava uma evolução ao futebol gaúcho. Não sei como seria a história do Inter caso perdêssemos. Na minha opinião, aquilo motivou o Inter. Foi um acontecimento grandioso para o Internacional - lembra.

O gosto pelo clássico ficou cada vez mais latente. Ao todo, balançou as redes tricolores em dez oportunidades. E, a cada vez que o Gre-Nal se aproximava, aumentava a esperança dos colorados por um bom resultado. Muito pela atuação de gala no primeiro do Olímpico.
Homenagem dos torcedores
O jogo ficou eternizado. Aos 80 anos, ainda é parado nas ruas pelos torcedores para falar sobre o jogo e o que contribuiu para o clube. Rendeu a Larry uma faixa de torcedores, com o rosto do ex-jogador e seu apelido, o “Cerebral”.
- Até hoje passam por mim e comentam. Fizeram aquela caricatura, que mostram na arquibancada. É algo sublime para um jogador. Receber esta homenagem me deixa envaidecido.
Torcida faixa Larry (Foto: Diego Guichard / GLOBOESPORTE.COM)Torcida confeccionou uma faixa em homenagem a Larry (Foto: Diego Guichard / GLOBOESPORTE.COM)

O ex-atacante adota o discurso conservador e evita apontar um favorito. Acredita que, assim como apregoam os jogadores atuais e treinadores, o Gre-Nal coloca as duas equipes em pés de igualdade.
O apelo do ídolo
A sua preocupação, além de ver uma vitória do Inter, é claro, está nas arquibancadas. Larry deixa transparecer seu lado saudosista. Acostumado a atuar sempre com o estádio dividido com espaços semelhantes às duas torcidas, o ex-jogador não se conforma com a nova tendência do futebol atual, quando o time mandante tem um número muito maior de ingressos. Apesar disso, faz um apelo: que as brigas entre os rivais ou das mesmas torcidas não esteja presente na Arena.
- Não posso colocar o Inter como favorito. Os dois têm armas para ganhar. Isso mostra a grandeza do Gre-Nal, como é maravilhosa esta partida. O que não consiga gostar é desta nova composição das torcidas. É uma das coisas mais estúpidas que vejo no futebol gaúcho, o fato de você quase alijar uma torcida. Não era assim na minha época. Fico horrorizado com este número menor, é triste. Só quero que a torcida do Inter vá e torça, não brigue. Se perder, vire as costas e não participe de qualquer tipo de violência.
As palavras de Larry demonstram a razão de ser o "Cerebral" não apenas em seu período como atleta. Que as duas torcidas entendam as palavras do ídolo colorado e apenas empurrem seus times para o primeiro triunfo na Arena.

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