sexta-feira, 26 de abril de 2013

No dia do goleiro, irmãos Alisson e Muriel celebram paixão pelas luvas

Criada em função do ex-goleiro colorado Manga, data é comemorada pelos jovens, que prometem manter o nível na camisa 1 do clube gaúcho

Por Diego GuichardPorto Alegre
 
Há quem diga que a posição de goleiro é a mais injusta. Mesmo que a equipe esteja bem na partida, somente uma falha pode tornar esse atleta o culpado de um mau resultado. Não há nada depois dele. Apenas a rede, que, se tocada, vira derrota. Os que escolhem vestir luvas, portanto, vivem sob eterna pressão. Mas, neste 26 de abril, dia do goleiro, os irmãos Muriel e Alisson Becker, companheiros de Inter, surgem como exemplos fiéis de devoção aos personagens que pisam onde, depois, a grama jamais nasce num campo de futebol - numa data criada, justamente, devido a um ex-arqueiro colorado.
Muriel e Alisson, goleiros do Inter (Foto: Diego Guichard / GLOBOESPORTE.COM)Muriel e Alisson, irmãos e goleiros do Inter (Foto: Diego Guichard / GLOBOESPORTE.COM)
Ainda pequeno, Muriel brincava com seu pai, José, na garagem de casa. E o patriarca da família fazia o papel de goleiro, o que acabou atiçando a curiosidade do hoje camisa 1 de Dunga.
- No meu caso, sempre fui apaixonado por futebol. Comecei como zagueiro, com nove anos. Depois, com dez, era o piorzinho nas brincadeiras. E me mandavam para o gol. Meu pai era muito engraçado como goleiro. Tinha o estilo loucão, era o cara das defesas difíceis. Foi uma motivação para nós - lembra o arqueiro de 26 anos.

Uma data para Manga
Muriel guarda camisa de Taffarel como um troféu em casa (Foto: Arquivo pessoal)
Muriel guarda camisa de Taffarel como um troféu
(Foto: Arquivo pessoal)
Por coincidência, o dia do goleiro também tem a ver com um jogador histórico com passagem pelo clube gaúcho. A data é comemorada em homenagem a Aílton Corrêa Arruda, o Manga, nascido em 26 de abril de 1937. Foi oficializada em 1976, quando se sagrava bicampeão brasileiro pelo Inter aos 38 anos.
Mas a principal inspiração para Muriel foi outro ídolo colorado: Taffarel, atual treinador de goleiros do Galatasaray, da Turquia. Na infância, o titular do Inter ganhou uma camisa do arqueiro brasileiro na Seleção, na época da Copa do Mundo de 1994. Se tornou uma relíquia, ainda guardada pelo jogador.
- Sempre fui mais esforçado do que técnico. Dou meu máximo a cada dia. Acho que por isso que acabei sobrando no gol - conta.
Amizade com Grohe
Da infância, Muriel também nutre amizade com um jogador gremista. Como era de Novo Hamburgo, o goleiro atravessava a BR-116 diariamente ao lado de Marcelo Grohe, do Grêmio, que residia em Campo Bom e também viajava a Porto Alegre.
Foi um período curto. Mas os dois tiveram uma passagem rápida juntos pelo Grêmio. Antes de fazer teste pelo Inter, Muriel chegou a treinar no Estádio Olímpico.
- Com 11 anos, foi jogando pelo Novo Hamburgo contra o Grêmio. Como gostaram, pediram para eu fazer teste. Dois anos depois, estava na casa da minha avó na praia. O primo do vizinho era vice-presidente do Inter, o Eduardo Larcher. Ele deixou o telefone. Em abril de 2000, fui para o Inter - explica.
Irmão como espelho
Bisavô de Muriel e Alisson jogava no gol do futebol amador (Foto: Arquivo pessoal)
Bisavô dos irmãos também jogava no gol, só que
no futebol amador (Foto: Arquivo pessoal)
Ao ver Muriel passar pelas escolinhas do Novo Hamburgo e começar a trajetória no Inter (chegou ao Inter em 2000, com 13 anos), Alisson resolveu trilhar os mesmos passos.
- Quando o Osmar Loss (hoje técnico dos juniores do Inter), foi buscar o Muriel lá em casa, ele perguntou se eu não queria seguir o mesmo caminho. Fiz uma peneira como volante. Eram uns 15 para cada lado. Como eu estava meio perdido, o técnico na época me convidou para ir para o gol. Era o que eu mais queria - relembra Alisson.
Com 21 anos, Alisson hoje é o terceiro na hierarquia colorada. Está atrás do irmão, além de Agenor, o segundo. Até então, participou de uma partida na equipe principal. Teve papel destacado no empate em 1 a 1 com o Cruzeiro-RS, pela última rodada da fase de grupos da Taça Piratini, quando Dunga colocou equipe reserva.
Mesmo assim, a busca pela camisa 1 não gera rivalidade. Pelo contrário. O companheirismo entre ambos se transforma em profissionalismo quando treinam no CT do Parque Gigante. Fora do ambiente de trabalho, volta e meia estão juntos. Aliás, Alisson está de mudança: residirá a poucas quadras de Muriel, na zona sul de Porto Alegre.
- É uma satisfação muito grande ter o Muriel para me espelhar. Pego muitos movimentos e características dele. São cartas que coloco na manga - brinca.
Desde a saída de Clemer da equipe, em 2007, o Inter vivia de instabilidade no gol. Foi justamente Muriel, em meados de 2011, quem acabou com as incertezas. Hoje não há discussão sobre quem é o goleiro da equipe. E é Alisson que agora vive o sonho de um dia chegar a ser titular. Se for levado em conta o DNA familiar, a camisa 1 do Inter será bem servida por muitos anos.

fonte:globoesporte.com

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