quarta-feira, 30 de julho de 2014

D'Alessandro "Meu lugar é aqui"

30/07/2014 12h29 - Atualizado em 30/07/2014 12h29

Capitão colorado analisa passado, presente e futuro em entrevista de quase duas horas e diz que pretende seguir no Beira-Rio mesmo depois de pendurar as chuteiras

Por Porto Alegre

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Desembarcou no aeroporto Salgado Filho. Viu 400 pessoas gritando seu nome. Acenou para elas. Entrou em um carro. Viu o carro ser cercado. Viu as pessoas gritarem seu nome com mais força. Passou em um hotel. Deu rápida entrevista coletiva. Foi ao Beira-Rio. Ficou em um camarote. Passou o tempo todo autografando camisas. Observou um jogo chato, daqueles de maltratar o ânimo. Comeu um pastel. Sentiu o cansaço de um longo dia invadir o corpo. Bocejou. Espreguiçou-se. Fechou os olhos. E aí é como se Andrés D’Alessandro, seis anos depois do dia em que pela primeira vez colocou os pés no Beira-Rio, acordasse como maior ídolo da torcida colorada, ídolo a ponto de planejar encerrar a carreira vestindo vermelho:

- Eu já escolhi meu lugar. Meu lugar é aqui. Não tem como cogitar sair.

O tempo passou voando para o camisa 10 entre o 30 de julho de 2008, quando assinou contrato com o Inter, e este 30 de julho de 2014, quando vai a campo diante do Ceará pela Copa do Brasil. Aos 33 anos, ele fala “bah”, é capitão do time, campeão da Libertadores, campeão da Sul-Americana, campeão da Recopa, cinco vezes campeão gaúcho. Carrega dores cicatrizadas na lembrança (a derrota para o Mazembe, o afastamento em 2009, a distância de uma Copa do Mundo que aconteceu dentro de sua casa) e façanhas tatuadas na alma. Acima de tudo, é adorado pelos torcedores.
Nesta terça-feira, D’Alessandro abriu as portas de sua casa, em Porto Alegre, para uma conversa de quase duas horas, de chimarrão em punho, com o GloboEsporte.com. Falou do passado, do presente e do futuro. Analisou o futebol brasileiro, criticou a estrutura que o rege, opinou sobre a participação da Argentina na Copa, lamentou ter sido alijado do Mundial, avisou que pretende jogar por mais pelo menos três anos para depois seguir no futebol, possivelmente como treinador. Quer seguir no Inter – como atleta e depois disso. 
Confira abaixo a íntegra da conversa.

Faz seis anos, D’Alessandro. O que você lembra do dia em que chegou ao Inter?

Lembro de ter chegado ao aeroporto com um nervosismo normal por estar vindo para um clube novo, as pessoas não me conhecerem, eu não conhecer a cidade. Fiquei surpreso pela recepção. Tinha muita gente. Eu achava que muitos não me conheciam e, sinceramente, fiquei surpreso. Lembro que a torcida me deu um boné, coloquei e saí por outro portão. Fui para o estádio. Tinha jogo contra o Santos. Mas não dei muita sorte, perdemos por 1 a 0. Mas foi muito bom. Era algo que não esperava.

No jogo contra o Santos, as pessoas jogavam camisas pra ti, tentavam escalar o camarote. Já foi possível ver que a torcida queria te acolher logo de cara?

Fiquei surpreso. O pessoal me conhecia um pouco, joguei bastante no River, joguei contra clubes brasileiros na Libertadores, contra o Corinthians em 2003 e depois contra o Cruzeiro em 2008, aí já pelo San Lorenzo. Mas as pessoas não acompanhavam muito minha carreira. Por isso que me surpreendi com o carinho já no primeiro dia. Foi uma coisa que, com certeza, ajudou muito na minha adaptação. Quando tu chega a um clube e tem essa recepção, esse carinho, já pensa diferente, já pensa que o primeiro passo foi dado. 
E você sai do Inter para outro clube? Pensa em encerrar a carreira no Inter?

É uma possibilidade muito grande (se aposentar no Inter). 


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